Um blog sobre as bases filosóficas do veganismo

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

O veganismo a partir da Ética das virtudes

 


A Ética Animal (ou Ética Interespécie) é a subárea da Ética que lida com as questões morais envolvidas em nossas relações com os animais não humanos. Tradicionalmente, duas estruturas teóricas tiveram maior influência entre os teóricos que sustentaram que os animais possuem valor moral e devem ser respeitados: o utilitarismo e a deontologia. Seguindo isso, já escrevemos aqui no blog sobre a argumentação (utilitarista) de Peter Singer em defesa da extensão da igualdade moral para animais; assim como a defesa (deontológica) de Tom Regan do valor inerente de todos os sujeitos-de-uma-vida e dos direitos animais. Agora é a vez de tratar da filósofa Cheryl Abbate que propõe uma terceira estrutura teórica para a proteção moral dos animais: a Ética das virtudes.


Para a filósofa, tanto a teoria filosófica de Singer quanto a de Regan possuem problemas frente à realidade não ideal de nosso mundo. Embora ambas as teorias tenham grandes méritos em suas defesas dos animais, elas teriam a falha de presumir que uma regra ou princípio moral universal possa dar conta de todos os problemas morais da nossa realidade imperfeita. De acordo com isso, Cheryl Abbate sustenta a ideia de que a ética não tem a ver com a descoberta de princípios morais capazes de nos orientar em todas as situações, mas sim com as virtudes do sujeito que age diante de um problema moral. Em outras palavras, quando nos encontramos diante de uma questão moral - por exemplo: a de comer ou não um alimento de origem animal - o que mais importa (moralmente) é o caráter e as motivações segundo as quais fazemos essa escolha, as virtudes ou vícios envolvidos. Por isso, se quisermos fazer a coisa certa, devemos buscar agir virtuosamente.


Quando falamos em nossas relações com o restante da natureza animal em um mundo que os explora de muitas e diferentes formas, estamos recheados de questões morais. É correto eu ir a um zoológico onde os animais sofrem distantes de seus hábitats? Praticar a caça como esporte é aceitável? Posso comprar um cosmético que foi testado dolorosamente nos olhos de muitos coelhos ou devo evitar? O que dizer sobre tomar o leite de vacas que foram separadas de seus filhotes tão logo nasceram? É moralmente aceitável que um grande empresário lucre com a morte de milhões de animais? É um fato sem importância moral o de que centenas de bilhões de animais sejam mortos anualmente para consumo humano?


Diante de todas essas questões, a sugestão da filósofa Cheryl Abbate é que devemos agir baseados sobretudo nas virtudes da compaixão e da justiça. 


As atuais indústrias de exploração animal reproduzem sofrimento e morte de animais em níveis sem precedentes na história. Frente a isso, uma pessoa compassiva não pode se demonstrar indiferente, pois a compaixão envolve a aceitação do princípio de que não devemos causar sofrimento e mortes desnecessárias. Assim, se podemos optar por outras fontes de alimentos, devemos fazê-lo. Do mesmo modo, devemos nos opor às demais formas de exploração animal.


Um mundo melhor, em que as pessoas ajam de maneira mais compassiva e as instituições promovam a justiça não pode ser construído sobre o massacre de animais. E é por tudo isso que a ética das virtudes aponta para o veganismo. Embora o veganismo individual não seja suficiente para alcançar esse mundo (pois é preciso mudar as estruturas da sociedade), ele é parte necessária dessa construção.


A filósofa Cheryl Abbate e uma citação.
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quinta-feira, 9 de julho de 2020

sábado, 23 de maio de 2020

O veganismo é somente sobre animais não humanos?




Quando veganas e veganos ativistas sustentam que o veganismo deve levar em conta outras causas que lutam contra opressões humanas, não é incomum encontrar veganos que imediatamente contra-argumentam: “veganismo é somente sobre animais não humanos”, ou ainda acusarem esses veganos de serem “human first”.


Mas… e se eu lhe dissesse que as próprias bases filosóficas e teóricas do veganismo dizem o contrário? Permita-me explicar.


É bem verdade que o veganismo é um movimento cujo objetivo central é o fim da exploração de animais não humanos. Assim o é desde que o termo foi cunhado pela Vegan Society em 1944. Trata-se de um movimento pelo fim da opressão de seres humanos sobre animais não humanos.

Porém, isso não significa que o veganismo não tenha nada a ver com as demais causas que lutam por igualdade e direitos para grupos humanos. Isso porque as próprias bases filosóficas e teóricas do veganismo pressupõem a igualdade e os direitos humanos, de modo a defender a extensão destes aos animais.

Para citar apenas alguns exemplos, tanto os trabalhos de Peter Singer quanto de Tom Regan, dois dos mais importantes e conhecidos filósofos da causa animal, têm como base princípios morais que incluem todos os seres humanos. No caso de Singer, o primeiro capítulo do clássico Libertação animal, publicado originalmente em 1975, é intitulado “Todos os animais são iguais” e tem como subtítulo “por que o princípio ético no qual se baseia a igualdade humana exige que se estenda a mesma consideração também aos animais”. De modo semelhante, Regan desenvolve sua teoria dos direitos animais a partir de uma análise que busca o fundamento dos direitos humanos (para uma apresentação detalhada da argumentação de Regan, clique aqui; para a argumentação de Singer, clique aqui).

Perceba o ponto fundamental aqui: sem o pressuposto de que todos os seres humanos são dignos de consideração moral, a argumentação em defesa dos animais não humanos sequer faz sentido.

E é por isso que quando percebemos que a igualdade ou os direitos humanos ainda não abarcam todos na prática, pois, entre outras coisas, vivemos em uma sociedade patriarcal e estruturalmente racista, então percebemos que o veganismo tem sim um vínculo com outras pautas. A luta vegana é uma luta pela extensão da igualdade para animais não humanos, e isso inclui como pressuposto mesmo teórico a plena igualdade entre seres humanos.

Caso contrário, ficamos diante dos questionamentos da socióloga e teórica da causa animal Corey Lee Wrenn:Como [os ativistas dos direitos animais] podem argumentar para acabar com o sofrimento dos animais não humanos enquanto ignoram ou descartam o sofrimento dos humanos? Se os interesses dos seres humanos vulneráveis são tão facilmente descartados, como pode haver alguma esperança para os de outras espécies?”




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terça-feira, 7 de abril de 2020

Considerações acerca do desenho "sua dieta vegana não é livre de crueldade" (Respondendo objeções #6)

À esquerda, desenho diz "sua dieta vegana não é livre de crueldade". À direita, um desenho resposta diz: "sua dieta onívora é excessivamente cruel".

O desenho à esquerda (que diz “sua dieta vegana não é livre de crueldade”) foi feito como uma crítica ao veganismo. Ele não deve, penso, ser ignorado. Muitos produtos, por exemplo, recebem o selo “cruelty-free” para indicar que não são testados em animais. Porém, há outras formas de crueldade em cadeias de produção e tais produtos podem não estar isentos delas. No caso da agricultura, um relatório de 2019 da Oxfam Brasil denunciou que há muito sofrimento humano em setores da produção de frutas que são comercializadas em grandes redes de supermercados, como o Carrefour e Big. O movimento vegano deve estar atento para essas questões e ser interseccional, isto é, levar em consideração outros tipos de opressões estruturais da sociedade, tal como as de classe, raça e gênero.

Os limites da crítica válida, porém, é que ela deve pressupor o próprio veganismo, tendo por objetivo apenas a consciência vegana. Se o objetivo for deslegitimar o veganismo, então ela não funciona e o desenho à direita (que diz “sua dieta onívora é excessivamente cruel”) é uma resposta adequada. Primeiro, porque se é verdade que setores da agricultura exploram seres humanos, é igualmente verdade que há uma dupla (e portanto maior) exploração na agricultura animal: a de seres humanos e não humanos. Segundo, porque há um tendência de que haja mais exploração dos próprios seres humanos na indústria de criação animal do que em outros setores. Para citar um exemplo importante: nas últimas duas décadas no Brasil, a pecuária é a atividade econômica líder em casos de trabalhadores resgatados em situações análogas à escravidão. Há outros casos relacionados, tal como os impactos sociais do desmatamento para pastagens ou plantação de soja que vira ração animal, e deixarei textos abaixo que abordam o tema.

Mas há ainda algo de intrínseco na situação dos trabalhadores que lidam com o abate de animais e que é destacado na análise feita por Carol J. Adams em seu célebre livro A política sexual da carne:

“Uma das coisas básicas que precisam acontecer na linha de desmontagem de um matadouro é que o animal deve ser tratado como um objeto inerte, e não como um ser vivo, que respira. Do mesmo modo o trabalhador na linha de montagem é tratado como um objeto inerte, que não pensa, cujas necessidades criativas, corporais e emocionais são ignoradas. Mais que quaisquer outros, esses trabalhadores da linha de desmontagem dos matadouros têm de aceitar a dupla aniquilação do eu: precisam não só negar sua pessoa como também aceitar a ausência cultural da referência dos animais. Precisam ver o animal vivo como a carne que todos lá fora aceitam que ele é, embora o animal ainda esteja vivo. Assim, eles precisam ser alienados do seu próprio corpo e também do corpo dos animais.”

Em suma, o desenho suscita uma crítica válida e outra inválida ao movimento vegano. Ele é válido na medida em que urge o movimento vegano a atentar para as opressões humanas e para a necessidade das diferentes lutas por um mundo verdadeiramente justo. Mas, repetindo, é inválida quando utilizada para deslegitimar o veganismo.

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Textos:
Texto do Veganagente sobre relações entre a exploração animal de animais não humanos e humanos:
Vegpedia: a relação entre a pecuária e o trabalho escravo no Brasil:
Relatório Oxfam Brasil. Frutas doces, vidas amargas: 
Livro “A política sexual da carne” disponível em pdf na biblioteca virtual do nosso blog:


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sábado, 28 de março de 2020

A relação entre o novo coronavírus e a exploração animal (por Peter Singer & Paola Cavalieri)

Imagem: Daniel Case
Compartilho abaixo uma tradução livre de um texto escrito pelo filósofo Peter Singer em coautoria com a filósofa Paola Cavalieri (ambos teóricos da causa animal). O texto foi publicado em 2 de março (antes, portanto, do coronavírus chegar na maioria dos países e ser declarado uma pandemia).
Observação: o texto tem por objetivo suscitar reflexões acerca das relações entre a exploração animal e a proliferação de vírus que atingem gravemente seres humanos, como o novo coronavírus. Importante salientar que essa exploração existe em todo o mundo, apenas com algumas variações e que, sob muitos aspectos, é ainda pior no mundo ocidental. Assim, de modo algum o texto a seguir deve ser usado para fomentar declarações xenofóbicas e/ou racistas - discriminações gravíssimas que não serão permitidas neste blog.

POR
Peter Singer & Paola Cavalieri (02/03/2020)

As imagens apocalípticas da cidade chinesa fechada de Wuhan chegaram a todos nós. O mundo está prendendo a respiração com a disseminação do novo coronavírus, o COVID-19, e os governos estão tomando ou preparando medidas drásticas que necessariamente sacrificam os direitos e liberdades individuais para o bem geral.
[...]
Poucos mencionam, muito menos confrontam, a causa subjacente da epidemia.

Tanto a epidemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) de 2003 quanto a atual podem [provavelmente] ser atribuídas aos "wet markets" da China - mercados ao ar livre onde os animais são comprados vivos e depois abatidos no local para os clientes. Até o final de dezembro de 2019, todos os afetados pelo vírus tinham algum link com o Mercado Huanan de Wuhan.

Nos “wet markets” da China, muitos animais diferentes são vendidos e mortos para serem comidos: filhotes de lobos, cobras, tartarugas, porquinhos da índia, ratos, lontras, texugos e civetas. Existem mercados semelhantes em muitos países asiáticos, incluindo Japão, Vietnã e Filipinas.

Nas áreas tropicais e subtropicais do planeta, os mercados úmidos vendem mamíferos, aves, peixes e répteis vivos, amontoados e compartilhando a respiração, o sangue e os excrementos. Como relatou recentemente o jornalista da Rádio Pública Nacional dos EUA Jason Beaubien: “Peixes vivos em banheiras abertas jogam água por todo o chão. As bancadas das bancas estão vermelhas de sangue, enquanto os peixes são estripados e filetados diante dos olhos dos clientes. Tartarugas e crustáceos vivos sobem uns aos outros em caixas. O derretimento do gelo aumenta a lama no chão. Há muita água, sangue, escamas de peixe e tripas de frango". “Wet markets”, de fato.

Os cientistas nos dizem que manter diferentes animais em estreita proximidade prolongada entre si e com as pessoas cria um ambiente prejudicial, que é a provável fonte da mutação que permitiu ao COVID-19 infectar humanos. Mais precisamente, em tal ambiente, um coronavírus presente há muito tempo em alguns animais sofreu uma mutação rápida à medida que mudava de hospedeiro não humano para hospedeiro não humano e, finalmente, ganhou a capacidade de se ligar a receptores de células humanas, adaptando-se assim ao hospedeiro humano.

Essas evidências levaram a China, em 26 de janeiro, a impor uma proibição temporária ao comércio de animais silvestres. Não é a primeira vez que tal medida é introduzida em resposta a uma epidemia. Após o surto de SARS, a China proibiu a criação, o transporte e a venda de civetas e outros animais selvagens, mas a proibição foi suspensa seis meses depois.

Hoje, muitas vozes estão pedindo um fechamento permanente dos "mercados de vida selvagem". Zhou Jinfeng, chefe da Fundação Chinesa para Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Verde, pediu que o "tráfico ilegal de vida selvagem" seja banido indefinidamente e indicou que o Congresso Nacional do Povo está discutindo um projeto de lei que proíbe o comércio de espécies protegidas. O foco nas espécies protegidas, no entanto, é uma manobra para desviar a atenção do público das circunstâncias terríveis em que os animais nos “wet markets” são forçados a viver e morrer. O que o mundo realmente precisa é de uma proibição permanente dos “wet markets”.

Para os animais, os “wet markets” são um inferno na terra. Milhares de seres sencientes e palpitantes suportam horas de sofrimento e angústia antes de serem brutalmente massacrados. Essa é apenas uma pequena parte do sofrimento que os seres humanos infligem sistematicamente aos animais em todos os países - em fazendas industriais, laboratórios e na indústria do entretenimento.
[...]

Martin Williams, escritor de Hong Kong especializado em conservação e meio ambiente, explica bem: “Enquanto esses mercados existirem, a probabilidade de surgir outras novas doenças permanecerá. Certamente, é hora da China fechar esses mercados. De uma só vez, estaria progredindo nos direitos dos animais e na conservação da natureza, ao mesmo tempo em que reduzia o risco de uma doença [...] prejudicar as pessoas em todo o mundo ”.

Mas iríamos mais longe. Historicamente, as tragédias às vezes levaram a mudanças importantes. Os mercados em que os animais vivos são vendidos e abatidos devem ser proibidos não apenas na China, mas em todo o mundo.

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SAIBA MAIS
Texto original completo:
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segunda-feira, 16 de março de 2020

A consciência e os animais não humanos: resposta do filósofo Tom Regan a Descartes




É bastante conhecida a perspectiva do filósofo René Descartes (1596-1650) de que os animais não humanos não teriam nenhum tipo de consciência. Semelhantes à máquinas, seriam incapazes de experimentar dor, medo, alegria, desejos etc. Se estivesse correta, essa perspectiva justificaria a negação de qualquer direito aos animais não humanos - afinal, não acreditamos que máquinas têm direitos. E, de fato, a teoria de Descartes funcionou em larga medida como justificativa filosófica para práticas cruéis de exploração animal, como a vivissecção.

A concepção do filósofo, porém, nunca foi aceitável e, com o avanço das ciências e do nosso conhecimento, ela se tornou completamente anticientífica. Hoje, dizer que animais não humanos são incapazes de sentir é como dizer que a terra é plana. Um dos mais importantes documentos científicos sobre o tema é a Declaração de Cambridge sobre a consciência animal.

Para além dos exaustivos argumentos científicos contra a perspectiva de Descartes, há também argumentos filosóficos. É neste âmbito que se encontra o texto compartilhado abaixo, de autoria do filósofo Tom Regan (1938-2017), um dos mais conhecidos teóricos dos direitos animais.

POR TOM REGAN

"Os animais não têm consciência de nada."

O filósofo francês René Descartes (1596-1650) é famoso pelo seguinte ensinamento. Ele argumenta que seres humanos têm mentes que são imateriais e corpos que são materiais. Em contraste, os outros animais só têm corpos; eles não têm mentes. Para Descartes, os animais não são conscientes de nada. Coloque um cachorrinho no fogo. Arranque a pele de uma foca viva. Nenhum deles sente nada. Os animais do mundo são desprovidos de mentes da mesma forma que o coelho da pilha Energizer.

Seria um alívio dizer que os filósofos abandonaram o cartesianismo às traças. Infelizmente, isso não é verdade. Mesmo hoje em dia existem professores de filosofia que endossam alegremente a idéia de que todos os "brutos" são desprovidos de mentes. E qual seu argumento? Não varia: os animais não são conscientes de nada porque eles não podem dizer nada. Ou (para ser mais preciso) os animais não têm consciência de nada porque lhes falta a habilidade de usar uma linguagem, como o inglês ou o português.

Alguns defensores dos direitos animais respondem a essa objeção lembrando o aparente sucesso de alguns animais (chimpanzés, por exemplo) em aprender a se comunicar usando a Língua Americana de Sinais, para surdos. Embora uma resposta desse tipo seja relevante, concede demais. É só refletir: é óbvio que ter consciência do mundo não depende de ter habilidade para usar alguma linguagem.

Pense em como ensinamos as crianças a falar. Apontamos para vários objetos e pronunciamos seus nomes. Seguramos uma bola e dizemos: "Bola". Apontamos para o cão e dizemos: "Cão". E assim por diante. Se ter consciência do mundo fosse impossível para quem não fosse capaz de usar uma linguagem, as crianças jamais aprenderiam a falar. Por quê? Porque para aprender a falar, elas precisam primeiro estar conscientes daquilo que dizemos ("bola") e daquilo para que apontamos (a bola). Em outras palavras, as crianças têm de estar pré-verbalmente - e, portanto, não verbalmente - conscientes do mundo, antes de aprenderem a usar um idioma; se não fosse assim, elas nunca poderiam aprender a usar um. Entretanto, uma vez que reconhecemos a consciência não verbal nas crianças, o mesmo tipo de consciência não pode ser sumariamente negado aos animais. A objeção cartesiana não se sustenta.

SAIBA MAIS
O texto acima, escrito por Tom Regan, foi retirado de sua obra Jaulas vazias, p. 81-82. Ao leitor ou leitora interessada, o livro está disponível em pdf em nossa biblioteca virtual. Para quem quiser saber mais sobre a argumentação filosófica de Regan em defesa dos direitos animais, poderá acessar nosso texto sobre o assunto clicando aqui.

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Sobre

Este blog visa contribuir para a divulgação não acadêmica de conteúdos filosóficos relevantes em prol do movimento vegano pelos direitos animais.

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